quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Das visitas domiciliárias

Hoje foi dia de passar pela casa de não sei quantas pessoas juntamente com a minha enfermeira. São as chamadas visitas domiciliárias, para aquelas pessoas que não têm a possibilidade de ir até ao centro de saúde. 
Foi extremamente interessante e ao mesmo tempo triste. As condições em que as pessoas vivem no bairro que visitei hoje confundem-me. Não é o facto de ser um apartamento pequeno, nem muito menos ter uma falha no tecto. É a arrumação e a limpeza que (não) existe naquelas casas. Coisas em cima de coisas que estão em cima de mais coisas. Para não falar do facto de que, apesar de irmos a casa de uma pessoa para realizar um penso a determinada ferida e conversar com essa pessoa, existem sempre mais problemas a acrescentar. Nestas situações um problema nunca vinha só.
Existem situações mesmo exaustivas, em que é tudo depositado numa pessoa só e, com isso, até essa pessoa fica doente. A situação mais complicada com que me deparei hoje e será essa que vou usar para o meu "estudo" é de uma senhora que é o pilar da casa porque o marido tem obesidade mórbida. Tem uma ferida na sacro que nem vos sei dizer o que é, uma perna que não vos sei explicar como está. Para além do marido, tem duas filhas: uma com síndrome de down e outra com esquizofrenia. Digam-me, como é que conseguiam estar num ambiente assim? 
A senhora faz tudo, cuida de todos, define prioridades e esquece-se de si mesma. É a sua família e ela quer preservá-la. Mas, com tudo isto, sofre agora de depressão tendo já sido internada duas vezes.. E agora..?

Realizar estas visitas domiciliárias faz-me ficar ainda mais grata por todas as pequeninas coisas que tenho na minha vida. Nós queixamo-nos tanto e muitas das vezes sem razão alguma.

1 comentário:

  1. É muito triste ver as condições decadentes em que muita gente vive.

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